#PraPensar 22/08/17-O que é mais importante para o namoro dar certo?
“Feliz o homem e a mulher que acha a sabedoria, e o homem e mulher que adquire conhecimento” (Provérbios 3.13 – adapt.).
Meu avô, Eliseo Loureiro, homem sábio e temente a Deus, sempre dizia que o segredo de qualquer relacionamento é a tolerância. Na época que morei com ele, eu era adolescente e não conseguia compreender a profundidade do que ele estava me ensinando. Em um primeiro momento, eu pensava que o sentimento do amor era o mais importante, pois, sem ele, não haveria relacionamento. Depois de um tempo, muitos diálogos, vivências e experiências fui compreendendo melhor meu avô.
Ele me ensinou que o amor é o início de tudo, a semente, mas que é por meio da tolerância que os relacionamentos se aprofundam e criam raízes sólidas. Assim, nos momentos mais difíceis, quando vierem os ventos e as tempestades, essas raízes irão manter o relacionamento e a família que for assim construída.
Namorar é a arte de se conhecer e se permitir ser conhecido. É a oportunidade de abrir o coração e a mente. Trocar ideias, experiências, partilhar expectativas, sonhos, frustrações. É perceber que o outro, por quem se tem afeição, é um ser diferente de mim e que nesse encontro de diferenças (por meio da tolerância, do diálogo, do acordo) é possível construir um caminho que se trilha junto, em mútua cooperação.
A tolerância, do latim tolerare (sustentar, suportar), é um termo que define o grau de aceitação diante de um elemento contrário. É a capacidade de uma pessoa ou grupo social de aceitar outra pessoa ou grupo social, que tem uma atitude diferente das que são a norma no seu próprio grupo.
Quando nos deparamos com o que é diferente de nós é inevitável surgirem confrontos, conflitos, questionamentos, dúvidas e incertezas. E é nesse momento que a tolerância, essa capacidade de aceitar o outro que é diferente, que discorda, que questiona, vai contribuir no amadurecimento da relação. Dessa forma, é imprescindível que os pares se permitam conhecer, sejam sinceros quanto aos seus anseios e expectativas sobre o futuro, para que o namoro seja esse espaço propício ao conhecimento mútuo de afinidades e diferenças.
É importante conhecer o outro, mas também a família do outro. Esse grupo social que tem suas próprias regras de convívio, suas afinidades e desavenças, seus encontros e desencontros. Namorar é conhecer o outro, compreender sua história, sua origem, sua formação. É integrar-se em um ambiente diferente do seu próprio ambiente, é se permitir conviver, aprender e ensinar.
O namoro pode dar certo ou não. A continuidade do relacionamento vai depender de uma série de fatores, mas, principalmente, se os pares identificam: as afinidades, o comprometimento mútuo, a capacidade que eles têm de fazer acordos e chegar a um consenso quando houver divergências, entre outros.
A reforma que se faz necessária nos relacionamentos, quando se fala de namoro, é a compreensão que namoro é o tempo de se conhecer o outro além do toque físico, é aprender a tocar a alma, e, assim, aprender a amar.
Amar é um exercício e muitos se enganam, acreditando que é apenas um sentimento. Como diz em 1º Coríntios 13, o amor é um caminho excelente e felizes são aqueles que se permitem enveredar por ele, em toda a sua plenitude.
Amar é um exercício que leva tempo. É preciso estar disposto a esperar. A confiança não nasce da noite para o dia. A confiança entre o casal nasce no dia a dia, nas pequenas ações, nas partilhas da vida. Pode parecer redundante, mas se aprende a amar amando. Exercitando o ouvir, o ceder, o compreender. Vivemos em uma sociedade imediatista que sofre com a ansiedade, que “quer tudo para ontem”, que não está disposta a esperar. Ao mesmo tempo em que as diversas tecnologias contribuíram para a modernização da nossa vida e ampliação das possibilidades de comunicação, por outro lado, o que vemos muitas vezes são pessoas que não conseguem verbalizar seus sentimentos, que têm dificuldades de se conhecer e se deixar conhecer, por consequência.
Para pensar: Namorar é sentir o outro. O cheiro, o toque, o afeto, o carinho: é olhar nos olhos, abraçar, beijar, sentir o coração. É se sentir aconchegado, é tocar a alma, é inspirar amor. Que no namoro não falte amor, tolerância, diálogo, respeito, amizade, companheirismo, sinceridade, carinho, afeto, ternura, cumplicidade.
Miriam Pacheco Loureiro Reis
Professora de Ensino Religioso
Colégio Metodista Bennett