Instituições Educacionais Metodistas reforçam o Dia Internacional da Discriminação Racial
Mais uma vez, os dias que se aproximam marcam datas especiais: neste sábado (21) comemora-se o Dia Internacional de Eliminação da Discriminação Racial. Para dar continuidade ao Projeto Confessionalidade e marcar importantes datas como essa, as Instituições Educacionais Metodistas prepararam conteúdos digitais que contam a história dessa comemoração e convidam a todos para uma reflexão profunda sobre o tema.
O objetivo deste projeto é reforçar os valores éticos cristãos, aproveitando datas especiais do calendário litúrgico cristão e outras, para incentivar uma vida baseada no evangelho de Jesus Cristo.
Confira o texto preparado pela Pastoral Universitária do IMS:
Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial
Inicio este breve texto, com a recordação de uma situação que vivenciei ainda na infância. Quando eu tinha cinco anos de idade, estava feliz com as novidades da escola, amigos/as e professora. Tudo era muito bom! Quando chegou o mês de junho, começamos os ensaios para a “quadrilha”. Eu estava animada e feliz, pois teria um novo vestido, chapéu, poderia usar maquiagem, estava tudo bem. No primeiro ensaio, percebi que havia algo errado, nenhum dos meninos da minha classe queria dançar comigo. A professora tentou conversar com vários deles, mas nenhum aceitou. Um inclusive chegou a gritar: mas ela é negrinha! O tempo parou ali. Todos me olharam e ninguém disse nada. No momento eu fiquei sem entender e confesso que senti que realmente havia alguma coisa muito errada comigo. Eu não era igual às outras crianças? Até então, não tinha percebido isso. A Professora discretamente arranjou uma menina para ser meu par e eu dancei com minha roupinha de caipira e, sem entender, acreditei que tudo aquilo era normal.
Depois de anos paro e reflito, normal!? Como assim? Fui tratada com diferença por não ter o mesmo tom de pele que as minhas amigas? Isso não foi normal, não é e não pode ser!
Infelizmente, muitos fatos como este se repetem diariamente no Brasil e no mundo: crianças, jovens, mulheres e homens são tratados com diferença simplesmente por causa da cor da pele morena, escura, preta... como dizem por aí.
A ONU instituiu o dia 21 de março, como o dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Este dia também marca o Massacre de Sharpeville, em Joanesburg, na África do Sul, onde negros e negras de diversas idades foram assassinados sem compaixão, durante o regime do Apartheid.
É triste constatar que ainda hoje, em 2015, o ser humano precisa combater este tipo de discriminação. A intolerância ao diferente existe e é bem real. Desagradam-me os argumentos de que não existem diferenças, que somos todos iguais e que não precisamos falar mais sobre este assunto. Não! Não somos iguais! Somos diferentes, basta olhar! Mas o que precisamos é enxergar a diferença, aceitá-la e mais do que isso, não usá-la como desculpa para o tratamento diferenciado, para recusas e pior, para a violência tão presente e implacável.
Que seja este um tempo de reflexão, de mudança e de recomeço.
A Pastoral Universitária e Escolar do IMS, assim como a Igreja Metodista, posicionam-se contra a discriminação racial. Que o nosso Deus criador e criativo, que nos fez com toda essa riqueza e diversidade, nos inspire à mudança no olhar, no pensar e no agir. Que Ele esteja conosco sempre!
NEGRA ASSIM
SER NEGRA É RUIM?
PARA ALGUNS SIM.
EU VEJO MUITA BELEZA
NESTES TRAÇOS EM MIM.
SOU NEGRA E SOU BELA,
MINHA PELE NÃO É BRANCA NEM AMARELA.
MEUS CABELOS SÃO ENROLADINHOS
E FORMAM LINDOS CACHINHOS.
NÃO QUERO MUDAR, MUITO MENOS ALISAR,
COMO NASCI QUERO CONTINUAR.
DEUS ME CRIOU ASSIM:
MORENA, PRETA, NEGRA, ENFIM
COM UM PEDACINHO DA ÁFRICA EM MIM.
(Elaine Cezar - 2013)
Elaine Cezar da Silva Moreira - Pastoral Universitária e Escolar da UMESP